Primícias do estudo de arco elétrico
O Estudo de Arco Elétrico é realizado criteriosamente de modo que possamos analisar as energias incidentes causadas por ocorrências do arco elétrico.
O mesmo apresenta uma série de conceitos básicos que serão descritos a seguir:
– Arco Elétrico
É a energia liberada entre dois condutores ou entre um condutor e a terra. Essa energia é gerada através de uma corrente elétrica que percorre o mesmo.
– Energia Incidente Normalizada
No instante que ocorre um curto-circuito, o espaço é tomado por uma energia gerada pelo arco de duração média de 200ms em um corpo humano situado a 600 mm do arco em questão.
A energia incidente é função da tensão, da corrente de curto-circuito, e do tempo de atuação dos dispositivos de proteção do sistema. A energia incidente é inversamente proporcional à distância de trabalho.
– Energia Incidente
Energia calculada a partir de valores da Energia Incidente Normalizada, cuja mesma incide sobre a pele ou vestimenta do trabalhador.
– ATPV (Arch Thermal Performance Value)
Desempenho térmico do material, ou seja, a transmissão do calor causado pela energia incidente sobre um determinado metal, podendo causar queimaduras de até segundo grau em uma pessoa que esteja próxima da situação em questão.
– Distância Segura de Proteção
Distância mínima na qual o trabalhador deve se encontrar da fonte de um arco que, por exemplo, possa ter uma energia de 1,2 cal/cm2, o que pode causar queimaduras de segundo grau em seu corpo caso ele não esteja devidamente protegido.
– Zona de Risco (conforme NR-10)
Entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.
– Zona Controlada (conforme NR-10)
Entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.
Figura 1 (NR-10) – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre
Figura 2 (NR-10) – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adequada
Onde:
ZL = Zona livre
ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.
ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.
PE = Ponto da instalação energizado.
SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos dispositivos de segurança.
Tabela 1 – Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre (conforme NR-10).
Metodologia de Cálculo
– Corrente de Arco Elétrico
O cálculo de energia incidente é realizado, através da corrente de curto sólida, onde no caso nós convertemos a mesma para a corrente de arco equivalente.
O método de cálculo das correntes de curto proposto na Norma IEEE 1584 é apresentado no Std. 141 – 1993 da IEEE.
Para a determinação das correntes de arco, utilizamos o procedimento descrito na Norma IEEE – 1584 e anexo D.8.2 da NFPA-70E
Onde:
Ia= Corrente de Arco [kA]
K= -0,153 para configuração aberta
K= -0,097 para configuração fechada (in box)
Ibf=Corrente de falta trifásica simétrica RMS [kA]
V=Tensão do Sistema [kV]
G=Gap entre condutores [mm]
– Cálculo da Energia Normalizada
A energia Normalizada é calculada conforme apresentado no item 5.3 da Norma:
Onde:
EN = Energia Normalizada [J/cm²]
K1= -0,792 para configuração aberta.
ou
K1= -0,555 para configuração fechada.
K2=0 para sistemas isolados ou aterrados por resistência.
ou
K2=-0,133 para sistemas solidamente aterrados.
G=Gap entre condutores [mm].
– Cálculo da Energia Incidente
Onde:
E=Energia Incidente [J/cm²]
Cf=1 para tensões <1 KV
Cf=1,5 para tensões ≥ 1KV
EN= Energia normalizada [J/cm²]
t= Tempo de atuação da proteção.
D=Distância de Trabalho [mm].
X=Expoente de Distância (conforme tabela a seguir)
NFPA70E anexo D – Tabela D.7.2: Fator para Equipamentos e classes de tensão
NFPA70E anexo D – Tabela D.7.3: Distância Típica de Trabalho
– Tempo de Resposta dos Equipamentos de Proteção
Com o tempo obtido no coordenograma (estudo de seletividade) do mesmo, somamos a este o tempo de atuação correspondente do dispositivo de proteção, onde cada dispositivo possui um tempo inerente que varia de fabricante para fabricante.
A tabela a seguir foi extraída da Norma IEEE – 1584 nos fornecem valores de tempo típicos para atuação do sistema de Seccionamento:
– Distância Entre Fases (GAP)
Através de ensaios padronizados, foi obtida uma série de valores de referência focados na distância de trabalho e no tempo de atuação da proteção. E de acordo com esses valores podemos ter o GAP entre as fases recomendados para o cálculo, verificadas na tabela a seguir extraída da Norma IEEE – 1584:
E a partir dessa metodologia de cálculo é possível, então, determinar em cada ponto da instalação os níveis de energia incidente e definir os níveis de EPI´s (vestimenta) que devem ser usadas pelos trabalhadores quando forem executar serviços próximo ou no local do equipamento/painel energizado, e definir as distâncias seguras de aproximação de acordo com a norma vigente e com os dados obtidos no estudo.
Cabe ressaltar que é necessária revisão do estudo de arco elétrico, sempre que houver alterações do sistema elétrico da concessionária, alterações significativas de carga ou instalação de novos transformadores e/ou geradores, mudanças significativas nos circuitos de alimentação dos painéis, troca/substituição dos dispositivos de proteção e alteração das filosofias das proteções do sistema.
Fonte: EA – Engenheiros Associados
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Palavras Chaves:
Arco elétrico. O que é arco elétrico? Arco fotovoltaico. O que é arco eletrico? Arco eletrico.