Três visões sobre o sistema elétrico e qualidade de energia
Antes de falar sobre qualidade de energia, é preciso entender sobre os objetivos do sistema elétrico. A qualidade de energia, de forma geral, estabelece uma relação entre confiabilidade e custos. Para clientes da indústria, a definição de qualidade deve incluir o tempo das interrupções, a frequência das curtas interrupções e as quedas de tensão.
Existem diversas visões sobre o sistema elétrico de potência. Os três principais passam pelas seguintes temáticas:
- A desregulamentação do setor elétrico fez com que não houvesse apenas um único sistema, mas uma série de sistemas, resultantes de empresas independentes;
- Os clientes tornaram-se mais conscientes dos seus direitos e passaram a exigir baixo custo da eletricidade, com alta confiabilidade e qualidade, onde a prioridades são distintas para diferentes tipos de clientes. Os clientes certamente não estão mais dispostos a aceitar a sua posição como meramente um parâmetro em uma otimização global;
- A geração de energia elétrica está se deslocando de grandes centrais elétricas conectadas ao sistema de transmissão para pequenas unidades ligadas em níveis mais baixos de tensão, como fontes termoelétrica, fontes hidroelétricas e fontes renováveis de energia como o sol e o vento. A junção de todas essas fontes em diversos pontos do sistema elétrico de potência é conhecida como Geração Distribuída.
Devido a essas visões o sistema elétrico já não pode ser visto como uma entidade, mas como uma rede de eletricidade. A sua estrutura física não mudou, é apenas a forma de sua visualização que foi alterada.
O objetivo da rede de energia é viabilizar o transporte da eletricidade entre os diferentes clientes, garantindo bons níveis de tensão e corrente aceitáveis. Com uma rede ideal, cada cliente deve perceber o fornecimento de eletricidade como uma fonte de tensão ideal e impedância zero. Independentemente do valor da corrente, a tensão deve ser constante. Infelizmente, a realidade nem sempre é a ideal – a Qualidade da Energia versa sobre o desvio entre a realidade e a situação ideal.
Há muitos aspectos para as limitações estabelecidas pela rede de energia no mercado, como a limitação da capacidade da rede. Porém, devemos levar em consideração que a falta de capacidade de produção é uma deficiência do mercado, não da rede. Em uma visão moderna, podemos dizer que o utilitário já não compra e vende energia, mas vende a capacidade de transporte e de acesso à rede.
*Conteúdo baseado no texto de Alex Soto da Silva – Universidade Federal do ABC – UFABC